Não havia música de fundo. (Só burburinho). Nem glamour. (Só fumo no
ar). Nem flores. (Só amontoados de beatas nos cinzeiros). Talvez não fosse, de
todo, o cenário que se imagina para ouvir histórias de amor. Mas foi ali, no
último dia do ano, bem no meio de uma sala de fumo de um grande aeroporto
internacional, que um jovem australiano, com a preciosa ajuda de uma bem-disposta
senhora holandesa, mostrou que não há guetos nem interditos para as histórias
de amor. O jovem viajava há mais de 24 horas. Aquela era a última escala antes
de aterrar em Milão, bem a tempo de passar o ano com a belíssima italiana que
mostrava, com orgulho, à senhora holandesa de cabelo grisalho e olhar ternurento.
A senhora, num tom afetuoso e genuinamente preocupado, pergunta-lhe se a
belíssima italiana sabia que ele ia. Ele descansa-a, assegurando-lhe que ela
sabe, até porque queria que ela morresse de amor… mas nunca de ataque cardíaco!
Explica-lhe que se apaixonara pela Francesca há um punhado de meses, em
Adelaide, na Austrália e que, desde então, se tem desunhado para, literalmente,
dar volta ao mundo só para poder cair no seu abraço.
O burburinho tinha, entretanto,
desaparecido. Não havia, naquela exígua sala de fumo, quem conseguisse tirar os
olhos (e os ouvidos) do entusiasmo daquele jovem, de olhar brilhante e gestos
inquietos. Uns olhavam-no com uma muito humana pontinha de inveja (como que
perguntando-se: “mas porque é que nunca fiz uma coisa destas?”), mas com admiração
(“Que grande tipo!”; “Que grande história!”), ternura (como que reconhecendo
naquela bela história as próprias histórias em que, mesmo com menos pompa e muito
menos circunstância, terão dado a “volta ao mundo” para namorar o amor) e
esperança (como que, inspirando-se, para fazerem, mais e mais vezes, das suas
relações amorosas uma espécie de volta ao mundo a dois). Outros, porém, não
disfarçavam o sorrisinho cínico. Com a aspereza e a inveja de quem, há muito,
desistiu de reclamar (e de lutar!) por quem lhe dê a volta ao mundo… todos os
dias!
Que o S. Valentim (com ou sem
flores, presentes ou jantares à luz das velas) sirva
para desconfinar as histórias de amor! E, com elas, a esperança, o desejo, a
reivindicação e a luta (!) pelas voltas ao mundo que só o Amor consegue dar!
Só mesmo o amor consegue dar a volta ao Mundo. Lindo
ResponderEliminarMuito obrigado pelo seu comentário. Seja bem-vindo/bem-vinda a este espaço.
EliminarSó mesmo o amor consegue dar a volta ao Mundo
ResponderEliminarMuito obrigado pelo seu comentário.
EliminarAssim seja.
ResponderEliminarQue o Amor possa vencer sempre
Que assim seja :) Seja bem-vindo/ bem-vinda a este espaço.
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