As crianças
tendem (e bem!) a olhar para os pais como uma espécie de super-heróis, com poderes
de meter inveja a qualquer Super-Homem, na hora de as proteger. E esta espécie de idealização será fundamental
para que se sintam seguras e protegidas... vida fora. Quer isto dizer que os pais não estão “autorizados”
a ter dúvidas, a sentirem-se inseguros ou a enganarem-se? Antes pelo contrário!
Mas se a relação nunca cresce à margem de dúvidas e falhas, já delegar competências
na autoridade mais ou menos assustadora do papão ou do homem do saco é batota!
Afinal de contas, como é que encaixa, no imaginário de uma criança, esta ideia
de que há uma entidade ao pé da qual os pais podem muito pouco?
Já os adolescentes, talvez não se autonomizem sem uma certa desidealização
dos pais super-heróis da infância. Testam a autoridade dos pais ou questionam a
forma como veem o mundo, na ânsia de encontrarem uma forma sua de crescer. Ao
mesmo tempo que precisam (tanto como dantes!) de regras. Ao mesmo tempo que
precisam (tanto como dantes!) daquele colo de super-herói, capaz de serenar as
mais violentas tempestades. Mesmo quando, qual versão sofisticada do código Morse,
o melhor que conseguem é pedi-lo com cara feia e chegas para lá.
Mesmo que conquistado o direito (e o dever!) a construírem os próprios
sonhos (e não aqueles que os pais tinham sonhado para si), os adultos (de todas
as idades) continuam a precisar (muito!) de pais. E daquele colo de super-herói,
que permitindo serem um bocadinho pequeninos para sempre, dá ganas para irem à luta pela vida
como gente grande!
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